Geahn Daniel

Inspiração de Design: Case Star Wars

Não é muito segredo de que o design de Star Wars é inspirado nos filmes e na cultura japonesa e, é inegável a influência do diretor Akira Kurosawa de A Fortaleza Escondida que, implicou diretamente na narrativa de Uma Nova Esperança de George Lucas.

Entram Jedi e saem os Samurais, Katanas viram Sabres de Luz e inúmeras referências são aplicadas como o imponente traje de Darth Vader, o estilo Gueixa da rainha Amidala, os nomes esquisitos como Obi Wan Kenobi, Anakin, Yoda e, sem contar no fato que o nome Jedi veio de "jidai-geki", um gênero de cinema japonês.

Em setembro de 2021 o Japão trouxe uma resposta à isso, ou melhor, uma carta de amor que abraça a inegável inspiração japonesa em Star Wars, só que agora pela via inversa, a cultura japonesa que está ditando as regras em Star Wars através de uma nova série chamada Visions (disponível no Disney+), com diversas histórias antológicas incríveis, contadas em formato de anime e desenvolvidas por diversos estúdios de animação diferentes. Vale a pena assistir.

Isso não é novo, pegar um produto japonês e americanizar, isso já aconteceu na cultura pop diversas vezes, como o Godzilla e os Power Rangers que, utilizava todo o material original, apenas trocando os atores nos momentos "fora do uniforme". Os brinquedos também tinham um toque americano especial, chegavam aqui traduzidos e em muitas das vezes era o ocidente que influenciava na criação de novos bonequinhos e megazords.

Voltando à Star Wars. Percebe-se que o trabalho de Star Wars foi muito bem feito quando ele se torna natural para quem vê, onde a forte inspiração da cultura japonesa passa desapercebida, indo muito além de narrativa e visual, para dar suporte à outros fatores da trama, desenvolvimento dos personagens, roteiro, universo expandido, diversão e a "sensação nerd".

Em Retorno de Jedi vemos um Luke Skywalker bem dark e essa brincadeira visual teve um papel narrativo interessante, ele fez que todos acreditássemos que ele poderia ir para o lado negro da Força, no entanto, o externo era só para nos enganar, Luke por dentro já era o Jedi de luz definitivo e (alerta de spoilers pra quê?) conseguiu trazer seu pai de volta, para ser com ele o escolhido pela Força para trazer a paz para a galáxia. Esse contraste de preto e branco sempre foi um artifício visual para levar o cérebro separar os lados a partir da linha tracejada no chão, ditando quem é bom ou mal, então vem Star Wars e quebra esse paradigma. Como no episódio O Nono Jedi da série Visions.

Algo parecido também aconteceu com Os Últimos Jedi, onde Rey aproxima um pouco das trevas e Kylo faz o mesmo, só que aproximando da luz, onde ambos ficam ali no meio, não era preto e nem branco, mas cinza, mais humano e defeituoso. E pode ter sido muito polêmico este episódio da franquia, mas é inegável que esse recurso foi interessante para a construção da trama, onde ninguém realmente sabe se a pessoa é da luz só porque usa um chapéu branco na cabeça, ou preto, ou qualquer cor que seja. O objetivo sempre foi misturar toda a percepção dentro do cérebro e, chacoalhar. É arriscado, mas é o que separa os homens dos meninos.

Mas Star Wars não é Star Wars sem os inovadores efeitos especiais. Mesmo que não pareça tão incríveis assim em contraste com as técnicas e tecnologias atuais, mas se nos transportássemos para os anos 70 nem seria preciso explicar muito, era um tempo ainda embrionário se tratando de efeitos especiais, que em Star Wars foram um divisor de águas no cinema e, até hoje, a indústria por inteiro se aproveitou disso. Imagine as cenas no espaço, a luz dos sabres, os trabalhos de foley e efeitos sonoros, junte tudo isso e imagine a mente ingênua de uma pessoa que nunca viu nada disso num filme.

Era tudo muito novo e, como disse, a indústria tem usado o que George Lucas criou até hoje. Isso tudo nunca seria possível sem o Industrial Light & Magic (ou ILM para os íntimos), a empresa que Lucas fundou para tornar possível seus projetos loucos. Foi pela ILM que muitos outros filmes fora de Star Wars puderam ser possíveis, ou melhor, praticamente TUDO que vemos são feitos pela ILM e não estou exagerando.

Um bom design é isso, mesmo que seja inspirado em outra obras, mas anda com suas próprias pernas e em resposta acaba ganhando o papel de influenciador e, o ciclo nunca tem fim.